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Novo Logo e um pouco de História

por Bruno Franchi

Bom, você já sabe! Agora 2015, em nosso aniversário de 13 anos, nós da Casa da Dança mudamos nosso logotipo!


O que talvez não saiba é que é o segundo logo com mudanças mais “drásticas”... O que você também talvez não saiba é que em publicidade isso é comum, para você ter uma ideia a Globo mudou o seu 5 vezes drasticamente em seus primeiros 15 anos de história, e inúmeras mudanças menores posteriormente.


Mas não vim dar aula de publicidade, não sou entendido nisso. Até porque para esse nosso novo logo apresentei várias ideias á vários profissionais do ramo, além de ouvir amigos e alunos. Não fiz exatamente o que disseram, mas muitos de vocês influenciaram esta criação. Assim, vim contar um pouco do porquê da mudança e de nossa história até aqui.
A primeira razão é óbvia, o marketing em si. À que remete o desenho, facilidade de impressão, visualização, etc. As outras razões, não são exatamente razões... são emoções e metáforas, passado e presente, ideal e luta, sonho e desejo, e essas sim me importam pela verdade que contém.


Claro que perceberam, o casal somos eu e Crys. E claro que tem um pouco de vaidade, né? Mas não por individualismo simplório, mas por termos tido a sorte de participar e protagonizar um destes momentos em que o destino escolhe um caminho entre vários; em que Deus coloca no roteiro a pedra que levará ao terremoto – acredite você em Deus ou não (não acho que ele se magoa com isso, ao contrário do que dizem uns), acredite que seja Deus o que quer que seja (só peço que pense se crê que tamanha perfeição e encadeamento universais e subatômicos sejam acaso, ainda que não fosse o próprio acaso algo tão mágico e divino). E conto este momento mais abaixo.
O primeiro nome da Casa foi Fábrica da Dança, pois queríamos produzir Dança. O logo era uma “fabriquinha”. A mudança para Casa da Dança foi óbvia e imediata, a escola era em nossa casa, nunca conseguimos tratar alunos como se não fossem amigos, nunca conseguimos ensinar se não por amor.


Depois, como Casa da Dança, iniciamos nossas passadas. Algumas vezes fáceis, mas na maioria difíceis. Lembro em nossa primeira casa-Casa-escola, nas primeiras noites. Eu e Crys em julho, sem móveis, colchão no chão, um frio de estalar coquinho, vento vento vento nas frestinhas de tudo, que nem 2 edredons resolviam. Colocamos toalhas nos vãos da porta e da janela, e o Bruninho bem nenénzinho ainda, enfiamos no meio da gente para não sentir o gelado da noite. Dávamos aula embalando ele no carrinho. Ela numa salinha, eu na garagem. Éramos donos, professores, publicitários, zeladores, manobristas, pedreiros, secretários e tios da limpeza, tudo junto. (Bom, ainda temos que ser tudo isso ás vezes). Claro que houve muito sofrimento, muitos erros e desencontros, mas aqui estamos nós e isso é assunto para outro dia. Fortes, sobreviventes, melhores e mais verdadeiros em nossos corações e ações, com muitas histórias para contar e experiências para trocar. Saímos do zero, construímos com nossas próprias mãos uma vida de dança e amor, ensinamos milhares de pessoas. Claro que devemos muito a várias pessoas que passaram por nossa vida, ou ainda estão, não vou enumerar para não cometer injustiças. Mas nada nunca foi de mão beijada, nada caiu do céu, nada veio sem alguma ou muita luta. Porém a dor e a luta - como tempero ao amor - forjam laços fortes como poucas vezes se encontra nas relações humanas.


Na Casa da Dança vimos casais e mais casais se conhecerem, namorarem, terem filhos... outros se separaram, fazer o quê. Mas conheceram outras pessoas, vida que segue. Vimos inúmeros alunos conhecerem amigos em nossas aulas e bailes – muitas vezes amizades tão verdadeiras que vão durar toda uma vida (ou várias). Vimos solitários encontrarem círculos de amigos. Vimos brigas, emoções, paixões. Vimos pessoas se descobrindo e se aceitando.

 

Demos oportunidade e formamos diversos dançarinos e professores. Proporcionamos á pessoas que realizassem sonhos; seja aparecendo na TV, seja dançando em seu casamento, seja se apresentando num baile ou simplesmente convidando alguém sem medo para uma dança. Dividimos nossos sonhos e sonhamos os de outras pessoas. Tivemos e cada vez mais temos pessoas aqui na Casa que pagam suas contas com o que seu trabalho lhes proporciona. E sabemos que ainda veremos muito mais frutos desta sementinha plantada há muito; deste sonho que se tornou realidade.

E onde entra nosso novo logo nisso?

Antes de mais nada prezo a criação e o artesanato em si, o “fazer-à-mão”, que está presente neste trabalho até nas novas letras (que por enquanto figuram apenas em nossa placa na fachada), e que sei que nos torna mais humanos e melhores. A criação de algo, que nos aproxima do divino. Independente se exista algo melhor, ou se um programa ou computador que poderia ter feito com mais exatidão, nosso novo logo é arte, é algo novo; e isso em si já traz seu próprio valor.

Mas principalmente por que eu quis contar esta história num desenho. Eu quis contar que naquela noite quente de 2001, na saudosa Cooperativa Brasil, eu a olhei dançando e ela me escolheu, com seu olhar esguio, meio de esgueio, e seu sorriso infinito que todos vocês conhecem. Eu quis contar que “Era uma vez...”, que ao som de um forrózinho, a Lua olhando sem muito interesse, aconteceu uma dança apaixonada entre duas pessoas que teve consequências para sempre, não apenas para nós mas para tantos outros. Que naquele momento mil caminhos foram traçados, que seríamos protagonistas de uma história linda, que seríamos instrumento e causa para tantas outras tão lindas quanto, mas nem desconfiávamos disso. Lembrando toda a Vida o que aconteceu em nossa Casa da Dança, vendo toda a Vida que acontece, esperando e prevendo toda a Vida que ainda ocorrerá, eu quis codificar e esculpir para sempre este momento de um passado já distante, há muitos e muitos anos. Mas um momento que dentre tantos outros na infinita cadeia de causa e efeito do universo, escolhi para simbolizar a origem de nossa Casa e tudo o que ela representa ou dela deriva. Um momento que vejo como o “bater de asas da borboleta” que originou o nosso tornado. A pitada da Ordem em nossa teoria do Caos.

E assim estamos ali, eu e Crys. Saltando-dançando para fora e além de um “círculo-limite”, unidos como uma liga de metal fundida sob as maiores pressões, grafando um momento único no passado que foi um ponto de partida, representando a amálgama entre mentes, almas e corpos que a dança proporciona. Que nossos alunos e professores tenham orgulho de fazer parte desta história. Que cada vez mais histórias derivem de nossa Casa.


Vem dançar com a gente!

Bruno Franchi

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